ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A SEGURANÇA DO PACIENTE CIRÚRGICO

ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A SEGURANÇA DO PACIENTE CIRÚRGICO

STRATEGIES TO IMPROVE SURGICAL PATIENT SAFETY

ESTRATEGIAS PARA MEJORAR LA SEGURIDAD DEL PACIENTE QUIRÚRGICO

RESUMO

Objetivo: O presente estudo objetiva refletir sobre quais estratégias melhoram a segurança do paciente cirúrgico. Método: Revisão narrativa, realizada em janeiro de 2023 com base em artigos publicados em periódicos e documentos de órgãos oficiais dos anos de 2010 a 2022. Os dados foram categorizados pela análise temática de Bardin.  Resultados: organizados em três categorias: O primeiro deles abordou-se “Eventos Adversos e as Práticas Cirúrgicas”, no segundo, a “Segurança do Paciente”, e por último foi abordado “Lista de verificação de segurança cirúrgica e sistematização de assistência de enfermagem como estratégias de segurança do paciente”. Conclusão: As ferramentas investigadas são inerentes à atuação da enfermagem cirúrgica que contribuem com a prática acadêmica ao reforçar a importância da aplicação de instrumentos que contemplem a segurança do paciente, sobretudo na conjuntura atual.

DESCRITORES: Segurança do Paciente; Cuidados de Enfermagem; Covid-19; Enfermagem Cirúrgica

ABSTRACT

Objective: This study aims to reflect on which strategies improve surgical patient safety. Method: Narrative review, carried out in January 2023 based on articles published in journals and documents from official bodies from 2010 to 2022. The data were categorized by Bardin's thematic analysis. Results: organized into three categories: The first of them addressed "Adverse Events and Surgical Practices", in the second, "Patient Safety", and finally "Surgical safety checklist and systematization of nursing care as patient safety strategies" were addressed. Conclusion: The tools investigated are inherent to the performance of surgical nursing that contribute to academic practice by reinforcing the importance of applying instruments that address patient safety, especially in the current situation.

DESCRIPTORS: Patient Safety; Nursing Care; Covid-19; Surgical Nursing

RESUMEN

Objetivo: Este estudio pretende reflexionar sobre qué estrategias mejoran la seguridad del paciente quirúrgico. Método: Revisión narrativa, realizada en enero de 2023 a partir de artículos publicados en revistas y documentos de organismos oficiales desde 2010 hasta 2022. Los datos se categorizaron mediante el análisis temático de Bardin. Resultados: organizados en tres categorías: En la primera de ellas se abordaron "Eventos adversos y prácticas quirúrgicas", en la segunda, "Seguridad del paciente", y por último se abordaron "Lista de verificación de seguridad quirúrgica y sistematización de cuidados de enfermería como estrategias de seguridad del paciente". Conclusión: Las herramientas investigadas son inherentes al desempeño de la enfermería quirúrgica que contribuyen a la práctica académica reforzando la importancia de aplicar instrumentos que aborden la seguridad del paciente, especialmente en la situación actual.

DESCRIPTORES: Seguridad del Paciente; Cuidados de Enfermería; Covid-19; Enfermería Quirúrgica

INTRODUÇÃO

A temática segurança do paciente e o desenvolvimento de uma cultura em prol de medidas que visam à redução de riscos de ocorrência de danos é pauta de discussão das agendas da Organização Mundial da Saúde (OMS), do judiciário e diverso serviço de saúde públicos e privados.  A segurança do paciente é reconhecida como uma dimensão da qualidade com ênfase em ações direcionadas às melhorias contínuas, na responsabilização pelo acesso e na efetividade da assistência agregada ao cuidado centrado no paciente e no respeito ao seu direito de sofrer um dano desnecessário associado ao cuidado à saúde.(1)

A atuação da enfermagem é fundamental para a eficiência dos procedimentos realizados no centro cirúrgico, promovendo uma assistência contínua e segura ao paciente,(2) através de instrumentos e metodologias que operacionalizam essa assistência, como a Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica (LVSC) e a Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP). A segurança do paciente recebeu destaque na pandemia de COVID-19.

Segundo a OMS, a equipe é determinante para o êxito de uma cirurgia segura, ao considerar a complexidade das ações realizadas no Centro cirúrgico (CC), infere-se que a eficiência da equipe está associada a comunicação, habilidades e consciência dos riscos envolvidos pelos profissionais, influenciando diretamente na segurança do paciente.(3)Entretanto, a segurança pessoal dos membros da equipe também esteve em pauta no contexto da pandemia.

As medidas para melhorar o diálogo da equipe são indispensáveis para a cirurgia segura, pois a utilização excessiva de Equipamento de Proteção individuais (EPIs) pode interferir na comunicação dos profissionais e por consequência na segurança do procedimento.(4)

Infere-se que a segurança do paciente em perioperatório em tempos de pandemia de COVID-19 perpassa pela implementação de estratégias direcionadas para o controle da transmissibilidade viral. Para tanto, tais estratégias devem contemplar o ambiente cirúrgico, a equipe e o próprio paciente.

Dados mundiais revelam a alta frequência de eventos adversos no centro cirúrgico. Anualmente, já são registradas sete milhões de complicações decorrentes de intervenções cirúrgicas no mundo e, ao menos, um milhão desses pacientes evoluem com óbito.(5) Dessa forma, faz-se necessário que medidas de prevenção e controle sejam realizadas de modo a conferir uma segurança para os profissionais e pacientes.

As funções desempenhadas pela equipe de enfermagem são essenciais para garantir a segurança do paciente cirúrgico.A atuação do enfermeiro contribui com o desenvolvimento de tecnologias e quando aplicadas de forma correta proporcionam segurança e qualidade à assistência prestada.(6) Para tanto, é necessário que essa assistência seja feita de forma sistematizada.

A SAEP é fundamental para estabelecer a segurança do paciente, visto que promove uma assistência continuada, participativa, individualizada e documentada.(7) Além da SAEP, o enfermeiro pode utilizar instrumentos que verifiquem a seguridade do procedimento cirúrgico.

Um dos instrumentos que favorecem a segurança do paciente é a LVSC, a qual melhora o trabalho em equipe, a comunicação e a segurança do paciente.(8) O aumento da vulnerabilidade a erros cirúrgicos com a pandemia impulsionou discussões sobre adaptações do checklist para abranger as intervenções cirúrgicas em pessoas sob isolamento respiratório.(9)

Portanto, o estudo é motivado pela necessidade de garantir uma assistência segura ao paciente em perioperatório a fim de evitar o contágio e o agravamento da COVID-19. Contribuindo com a prática acadêmica ao reforçar a importância da aplicação de instrumentos que contemplem a segurança do paciente, sobretudo na conjuntura atual.

O presente estudo objetiva refletir sobre quais estratégias melhoram a segurança do paciente cirúrgico

METODOLOGIA

Trata-se de revisão narrativa, realizada em janeiro de 2023 com base em artigos publicados em periódicos e documentos de órgãos oficiais dos anos de 2010 a 2022. Os dados foram categorizados pela análise temática de Bardin.  O método da revisão narrativa permite descrever o estado da arte, de modo a sintetizar o conhecimento já exposto na literatura, somado às reflexões propostas pelos autores.Tal metodologia contribui para a discussão sobre um tema e é indicada para temáticas que necessitam de maiores aprofundamentos, que embase a prática e sirva de subsídio para olhar para a segurança do paciente cirúrgico.

Na primeira etapa, identificação do tema e seleção da questão de pesquisa, utilizou-se a estratégia PICo que representa o acrômio para problema/população (P), interesse (I), contexto (Co), conforme apontando no quadro 1. Com base nessa estratégia, delimitou-se a seguinte questão:

Quais as estratégias melhoram a segurança do paciente no centro cirúrgico?

Quadro 1. Aplicação da estratégia PICo

Estratégia

Definição

Aplicação

P

Problema

Segurança do paciente

I

Interesse

Estratégias

Co

Contexto

Centro cirúrgico

Fonte: adaptado pelos autores, 2023.

A segunda etapa, referente ao levantamento e busca bibliográfica, foi realizada no mês de janeiro  de 2023, com base em artigos publicados em periódicos e documentos de órgãos oficiais dos anos de 2010 a 2022.

A busca dos termos para a pesquisa foi realizada através dos Descritores em Ciência em Saúde (DeCS) juntamente à estratégia PICo, definindo as seguintes estratégias de busca: Estratégias and segurança do paciente and centro cirúrgico na Biblioteca virtual da Saúde (BVS). Consideramos como critérios de inclusão: artigos originais em português e ingles relacionados ao tema, consensos nacionais e internacionais disponíveis na íntegra com acesso gratuito e publicadas entre os anos de 2010 e 2022. Constituíram os critérios de exclusão, artigos que não atendam o objeto de estudo, publicações duplicadas, teses, livros, revisões e artigos não originais.

As interpretações dos resultados foram discutidas com base nos artigos encontrado sobre segurança do paciente. Visando um melhor entendimento do presente estudo, os resultados foram categorizados pela análise temática de Bardin em três categorias. O primeiro deles abordou-se “Eventos Adversos e as Práticas Cirúrgicas”, no segundo, a “Segurança do Paciente”, e por último foi abordado“Lista de verificação de segurança cirúrgica e sistematização de assistência de enfermagem como estratégias de segurança do paciente” que contribuindo com a prática acadêmica ao reforçar a importância da aplicação de instrumentos que contemplem a segurança do paciente, sobretudo na conjuntura atual.

RESULTADOS

Eventos Adversos e as Práticas Cirúrgicas

Compreende-se por eventos adversos todo dano desnecessário causado ao paciente que resultam em efeitos ou comprometem estruturas e funções do organismo, dentre as causas estão doenças, lesões, incapacidades e óbitos, sendo classificados como físico, social ou psicológico.(10) Os eventos adversos também podem variar de acordo com a gravidade.

Dentre os eventos adversos cirúrgicos, as infecções e outros problemas envolvendo a ferida cirúrgica foram mais recorrentes, seguidos de infecções não relacionadas à ferida cirúrgica e hemorragias.(11) Sendo necessário reforçar a importância da prevenção dessas complicações durante o trabalho da equipe.

Desde 460 à 360 a.c., Hipócrates cunhou o postulado non nocere, que significa primeiro não cause dano. No final do século passado Avedis Donabedian estabeleceu os sete atributos do Cuidado à saúde que definem a sua qualidade: eficácia, efetividade, eficiência, otimização, aceitabilidade, legitimidade e equidade de forma a compreender melhor o conceito de qualidade em saúde.(12)

 Isso porque o Instituteof Medicine apresentou um relatório “Toerrishuman” sobre efeitos adversos que nos EUA chegam à 98000 mortes por erros na assistência. Esses números geram impactos por ultrapassar às mortes no trânsito, câncer e HIV além de onerar os cofres públicos em 29 milhões de dólares anualmente.(13)

Vale salientar que erros de medicações, queimaduras durante o procedimento, quedas dos pacientes, hemorragias por desconexão de drenos são exemplos de eventos adversos mais frequentes no cuidado de enfermagem.(14) Todavia, os eventos adversos devem ser evitados por todos os profissionais envolvidos no processo, uma vez que o acontecimento dos mesmos não se restrinja à atuação do enfermeiro.

Ademais, estatísticas mundiais revelaram que 234 milhões de cirurgias foram realizadas em 2008, o valor equivale em proporção a uma cirurgia para cada 25 pessoas vivas. Dentre esses procedimentos, dois milhões resultaram em óbitos e aproximadamente sete milhões causaram complicações preveníveis.(14) As informações obtidas nas pesquisas justificaram a urgência da campanha do segundo desafio global proposto pela OMS.

Desde o Segundo Desafio Global para a Segurança do Paciente, o Brasil vem assumindo o compromisso de reforçar medidas referentes à segurança do paciente. Contudo, nos hospitais brasileiros, uma elevada incidência de eventos adversos continua sendo observada, dentre os quais 20,0% correspondem a complicações cirúrgicas e anestésicas.(15)

Estudo realizado nos dois anos consecutivos à divulgação do segundo desafio proposto pela OMS, mostrou que 36% das complicações e 47% da mortalidade em pacientes cirúrgicos foram reduzidas após a implantação da cirurgia segura.(6) Contudo, no Brasil, uma pesquisa revelou que dentre eventos adversos cirúrgicos mais frequentes estão a retenção inadvertida de itens cirúrgicos em cavidades do paciente, cirurgias equivocadas e lado errado.(16)

A retenção pós-operatória de corpos estranhos recebe destaque, principalmente em cirurgias abdominais com incidência entre 0,15% e 0,2%, podendo gerar complicações graves ao paciente, pois corroboram uma taxa de mortalidade entre 10% e 18%.(17)É perceptível que a taxa de incidência dos eventos adversos cirúrgicos ainda é significativa, ratificando a necessidade da adoção de estratégias que reforcem a segurança no serviço.

Segurança do Paciente

A Segurança do Paciente é definida como a redução de danos evitáveis a um valor mínimo aceitável.(10) Esse princípio fundamental da prestação de cuidados, vem se tornando preocupação constante na saúde, visto que falhas assistenciais podem causar danos irreparáveis ao paciente e impactam negativamente os sistemas de saúde.(5)

A partir do século XXI, a segurança do paciente torna-se preocupação mundial e recebe o caráter de indicador fundamental da qualidade em saúde. Novas associações e organizações relacionadas à segurança do paciente foram instituídas em países com diferentes sistemas de saúde além dos Estados Unidos, dentre eles estão a Inglaterra, Irlanda, Austrália, Canadá, Espanha, França, Nova Zelândia e Suécia.(18)

Nesse sentido, a OMS institui a Aliança Mundial para Segurança do Paciente em 2004, com a finalidade de subsidiar a adoção da cultura de segurança do paciente em áreas-chaves da prestação da assistência, nas políticas baseadas em evidência e nas pesquisas mundiais.(19) Foram propostos, então, três desafios globais em contextos específicos que necessitavam reforçar a segurança assistencial.

O primeiro desafio global, lançado em 2005, focou na prevenção das IRAS (infecções relacionadas à assistência à saúde); o segundo, em 2008, direcionou-se à segurança cirúrgica; o terceiro, por sua vez, foi divulgado em 2017, com o intuito de reduzir os danos desnecessários associados à terapia medicamentosa.(19) Observa-se que a segurança cirúrgica é prioridade central no segundo desafio apontado pela OMS.

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia de trabalho fundamental para nortear as ações do cuidado de enfermagem ao indivíduo no contexto saúde-doença tendo como objetivo reunir as atividades de enfermagem para que não sejam feitas de forma isolada e façam parte de um processo. Este é denominado processo de enfermagem, podendo ser compreendido como um instrumento de trabalho da enfermagem, orientado pelo menos por uma teoria, sendo composto por etapas ordenadas, dinâmicas, interacionadas e independentes podendo ocorrer em qualquer cenário da atenção direta ao cliente.(20) A SAE favorece uma prática assistencial pautada no conhecimento científico contribuindo positivamente para o paciente, família, a equipe de enfermagem bem como para o serviço de saúde, tendo como foco o cuidado e na segurança do paciente.(21) Para Waldow o cuidado é a nossa prática e se caracteriza por ações e comportamentos realizados na intenção de favorecer, manter e melhorar o processo de viver-morrer, proporcionando atenção às necessidades biopsicossociais e espirituais das pessoas.(22)

Dessa forma, com o processo de enfermagem, os enfermeiros têm condições de gerenciar os riscos que os pacientes encontram expostos, uma vez que existem linguagens padronizadas para nomeá-los que devem ser utilizadas para favorecer a comunicação entre os profissionais e à obtenção e o monitoramento de indicadores de resultados em saúde.(23) Indicadores de resultados são utilizados para nortear os processos e ações bem como à educação permanente e continuada de modo a prestar à melhor assistência e minimizar os incidentes relacionados ao cuidado à saúde.(3)

Cabe enfatizar que esses incidentes são circunstâncias que podem não atingir diretamente o paciente (near miss), atingi-los sem causar nenhum dano (incidente sem lesão) ou em resultar em comprometimentos desnecessários que chamamos de eventos adversos, causando danos que prolonga o tempo de internamento, promove incapacidades e até óbitos.(4)Sabemos que erros culminam em eventos adversos, mas nem todo evento adverso são resultantes de erro.(25) À compreensão do conceito de erro é necessária para que sejam pensadas estratégias de prevenção, sobretudo aos eventos adversos evitáveis.

No Brasil, desde 1990, já havia sido proposto a aplicação o processo de enfermagem (PE) para respaldar o cuidado de pacientes cirúrgicos nos períodos pré, trans e pós-operatório imediato (POI), a saber:

O período pré-operatório divide-se em mediato e imediato, sendo o pré-operatório mediato desde o momento que se decide pela cirurgia até um dia antes do procedimento. O pré-operatório imediato acontece nas 24 horas anteriores ao ato anestésico-cirúrgico [...]. O transoperatório compreende desde a entrada do paciente no centro cirúrgico (CC) até sua saída da sala de cirurgia, após o término do procedimento anestésico-cirúrgico. O período pós-operatório imediato abrange as primeiras 24 horas após a cirurgia e inclui o tempo em que o paciente permanece na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA).(26)

Após sete anos, devido à pandemia de COVID-19, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publica uma nota técnica de orientações para os serviços de saúde enfatizando a prevenção o controle de infecções pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) em procedimentos cirúrgicos.(27) visto que o risco de danos ao paciente é inerente ao ambiente cirúrgico.

O centro cirúrgico (CC) é uma unidade de grande complexidade dentro do ambiente hospitalar. A equipe de trabalhadores desse setor, os recursos materiais e as tecnologias utilizadas enfocam a assistência perioperatória ao paciente, com o objetivo de garantir o êxito do tratamento.(7) Os procedimentos cirúrgicos são responsáveis por tratar inúmeras patologias.

Apesar dessas intervenções serem fundamentais para o tratamento de diversas incapacidades e redução de óbitos secundários a enfermidades, a falta de qualidade na assistência ainda se configura como problema mundial,(5) evidenciado por fatores que propiciam a ocorrência de danos ao paciente perioperatório.

O alto risco de incidentes cirúrgicos pode estar relacionado a fatores individuais ou coletivos, com destaque para o elevado nível de tensão dos profissionais, comunicação ineficaz da equipe, alta carga de trabalho e outros vínculos empregatícios.(28) Sendo assim, tanto a equipe multiprofissional quanto os gestores do serviço devem estar envolvidos na construção de uma cultura de segurança do paciente.

Lista de verificação de segurança cirúrgica e sistematização de assistência de enfermagem como estratégias de segurança do paciente

Uma das alternativas encontradas pela OMS, foi elaboração da LVSC apresentada na forma de checklist para reforçar práticas de segurança e melhorar a comunicação e trabalho de equipe entre as áreas da saúde, o intuito central era auxiliar os profissionais, principalmente do CC, na redução de danos causados ao paciente.(3)

Trata-se de um checklist padrão cuja participação deve ser de todos os profissionais da equipe cirúrgica. Envolve três momentos diferentes de aplicação: antes da indução anestésica (Sign In), antes da incisão cirúrgica (Time Out) e antes que o paciente deixe a sala de cirurgia (Sign Out).(29)

A LVSC aborda momentos chaves para verificar os riscos à segurança do paciente cirúrgico, totalizando 20 itens. A primeira checagem ocorre antes da indução anestésica, onde são abordados os seguintes pontos:

[...] (1) identificação de dados e consentimento do paciente, (2) demarcação do sítio cirúrgico, (3) verificação do funcionamento de equipamentos de anestesiologia e medicamentos, (4) funcionamento do oxímetro de pulso, (5) investigação e registros sobre alergias, (6) avaliação pelo anestesista quanto a risco de via aérea difícil para intubação e (7) risco de perda sanguínea.(30)

Após a indução anestésica e antes da incisão cirúrgica, sucedem as verificações da equipe, confirmação de informações a respeito do procedimento e detalhamento de possíveis eventos críticos:

[...] (8) apresentação dos membros da equipe conforme nome e função, (9) confirmação da identificação do paciente e (10) da localização onde será realizada a incisão, descrição de possíveis eventos críticos considerados pelo (11) cirurgião, (12) anestesiologista, (13) equipe de enfermagem; (14) certificação de realização da profilaxia antibiótica nos últimos 60 minutos e (15) acessos aos exames de imagem.(30)

Finalmente, após o término do procedimento, antes que o paciente seja removido da sala cirúrgica, confirma-se o procedimento, contabilizam-se os insumos utilizados, bem como, defeitos dos mesmos, recolhe-se para investigação histopatológica e realiza-se a avaliação dos profissionais sobre a evolução do tratamento:

[...] (16) o tipo do procedimento, (17) resultados da contagem de instrumentais, compressas e agulhas, (18) identificação de amostras e (19) problemas com equipamentos, (20) toda a equipe cirúrgica (Enfermagem, Anestesiologista e Cirurgião) descrevem suas preocupações quanto ao cuidado para a recuperação e manejo do paciente.(30)

O checklist também apresenta alta viabilidade por se tratar de um instrumento de rápida aplicação e de baixo custo.(29)Após a implantação do checklist, observou-se melhorias cirúrgicas significativas. Especialistas da OMS realizaram uma pesquisa em oito países (Canadá, Índia, Jordânia, Filipinas, Nova Zelândia, Tanzânia, Inglaterra e EUA), que revelou uma diminuição de 36% nas complicações cirúrgicas, 47% da taxa de mortalidade, 50% nas infecções e 25% de chance de outra intervenção cirúrgica.(31)

A SAEP possibilita o planejamento e o controle da assistência no pré, trans e pós-operatório, fundamenta a atuação do enfermeiro no CC na promoção de uma assistência integral e de qualidade, permite uma intervenção adequada, planejada, individual além da avaliação dos resultados.(32) Conhecer as etapas da SAEP é imprescindível para colocá-la em prática.

A SAEP, para a maioria dos profissionais, é essencial para estabelecer a qualidade da assistência. Contudo, a falta de tempo, a sobrecarga de trabalho e a falta de compreensão acerca das atribuições do enfermeiro no CC são fatores que dificultam a sua implantação pelos profissionais.(32) Desse modo, entender a importância da atuação da enfermagem também é fundamental para o processo de cirurgia segura.

O enfermeiro que atua no centro cirúrgico é considerado como profissional indispensável para promover a segurança tanto de pacientes, quanto de profissionais, ao auxiliar na organização a assistência perioperatória, principalmente no contexto de emergência pública ocasionada pela pandemia de COVID-19.(33)

DISCUSSÃO

Eventos adversos graves secundários às intervenções cirúrgicas estão relacionados à assistência prestada ao paciente, prolongando sua internação, elevando os custos e o risco de óbito. As falhas na assistência podem ser observadas em procedimentos realizados nos sítios incorretos, nas infecções de sítio cirúrgico, quando há equívocos no posicionamento do paciente, na administração medicamentosa e na indução anestésica.(5)

Cabe destacar que em 2013, à Agencia Nacional de Vigilância sanitária (ANVISA) instituiu o programa nacional de segurança do paciente com o objetivo de contribuir para a qualidade do cuidado prestado nos estabelecimentos de saúde com instituição de seis protocolos de segurança do paciente com foco nos problemas de maior incidência (1- Identificação correta do paciente, 2- melhoria da comunicação entre profissionais de saúde, 3- melhoria da segurança dos medicamentos de alta vigilância, 4- realização da cirurgia certa em local de intervenção e pacientes corretos, 5- Higienização das mãos com mais frequência para prevenir infecções, 6- Redução da ocorrência de quedas).(10)

Nesse sentido, investir na qualidade da assistência é importante para estabelecer a segurança do paciente, principalmente no CC, onde os eventos adversos acontecem com maior frequência. Pode-se destacar que 50% dos eventos adversos graves estão associados à prática cirúrgica e foram classificados como evitáveis.(5)

Dados da OMS revelaram que os procedimentos cirúrgicos, em países industrializados, foram responsáveis por 3-16% das complicações relevantes e cerca de 0,4-0,8% das taxas de incapacidade permanente ou óbito. Nos países em desenvolvimento, as cirurgias extensas apresentam uma taxa de mortalidade equivalente a 5-10%. Na África subsaariana, os óbitos secundários à anestesia geral acontecem em um a cada 150 indivíduos.(3)

Questões referentes à temática receberam destaque a partir do relatório ToErrisHumandivulgado pelo Instituteof Medicine (IOM) nos Estados Unidos, onde os eventos adversos eram responsáveis por aproximadamente 100 mil óbitos por ano e elevavam os gastos do serviço.(13)As informações obtidas na pesquisa revelaram a importância do debate global acerca da segurança do paciente.

Conforme o segundo Desafio Global para a Segurança do Paciente, prevenir infecções de sítio cirúrgico, realizar anestesia segura, estabelecer equipes cirúrgicas seguras e utilizar indicadores da assistência cirúrgica se constituíram como medidas para aumentar a qualidade em serviços de saúde ao redor do mundo.(3) Sendo assim, estratégias para atender a esse desafio têm sido criadas em diversos países, inclusive no Brasil.

Entretanto, somente após o segundo desafio global, questões referentes a segurança cirúrgica se intensificaram. Em 2009, o Ministério da Saúde (MS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) publicam a versão traduzida para o português do manual Cirurgias Seguras Salvam Vidas que fundamenta a implementação de medidas acerca da segurança do paciente.(6) A temática também é reforçada em publicações posteriores.

Em 2013, o Ministério da Saúde através da Portaria nº 529/2013 e institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), visando garantir uma assistência prestada de qualidade em todas as instituições brasileiras de saúde,(10) ratificando a elaboração de normas e protocolos referentes a segurança em diversos setores de assistência à saúde.

A cultura de segurança do paciente se constitui como pilar estrutural dos serviços de saúde, sua incorporação na assistência é responsável por contribuir com o desenvolvimento de práticas seguras. Desse modo, os processos organizacionais são aprimorados, reduzindo a incidência de efeitos adversos e por consequência, melhorando gradualmente a qualidade assistencial,(19) sobretudo na assistência cirúrgica.

A segurança cirúrgica abrange todos os períodos do perioperatório, no intuito de reduzir as complicações secundárias aos procedimentos cirúrgicos.(2) Infecções no sítio cirúrgico e os óbitos secundários a complicações anestésicas, por exemplo, destacam-se dentre as complicações graves.(3) Desse modo, os eventos adversos no CC precisam ser minimizados.

A LVSC fundamenta-se em três princípios: Simplicidade, ampla aplicabilidade e possibilidade de mensuração do impacto. O propósito é facilitar a aplicação, abordar todos os contextos, identificar e quantificar os dados significativos.(3)

Além disso, o trabalho em equipe, a comunicação e a segurança do paciente também melhoraram consideravelmente após o uso da LVSC desde a sua implementação nos hospitais.(8) Entretanto, a restrição do uso ao transoperatório se constitui como uma limitação do instrumento.

Apesar da eficiência da LVSC, aplicar os cuidados de enfermagem de forma sistematizada, organizada e sequencial no pré, no trans e no pós-operatório corroboram a segurança do paciente submetido ao ato cirúrgico.(26) Sendo assim, há também a necessidade de sistematizar assistência de enfermagem, para que as questões de segurança sejam efetivadas em todo o perioperatório.

A sistematização inicia com a visita pré-operatória para a avaliação de enfermagem, a partir dessa avaliação, a assistência pré-operatória é planejada e implementada. Após a implementação, avalia-se a assistência na visita pós-operatória de enfermagem, verificando a necessidade de reformular a assistência de acordo com os resultados obtidos.(26)

O enfermeiro no centro cirúrgico consegue identificar problemas, possíveis erros, dificuldades e fragilidades que podem interferir na segurança do paciente em perioperatório.(6) Portanto, o enfermeiro, ao utilizar ferramentas como a LVSC e a SAEP, que abordam a segurança da assistência prestada, pode contribuir com a minimização dos danos causados ao paciente, sobretudo na pandemia de COVID-19 que potencializa o risco de eventos adversos.

CONCLUSÃO

A SAEP e a LVSC são ferramentas inerentes à atuação da enfermagem cirúrgica. O caráter emergencial na saúde pública revelou a importância do enfermeiro na reorganização da assistência perioperatória, para atender as novas demandas desse período crítico e garantir a segurança de profissionais e pacientes.

As atividades desenvolvidas pela enfermagem no centro cirúrgico são indispensáveis na prevenção de agravos à saúde sobretudo na perspectiva atual.

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