USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR IDOSOS: CONHECIMENTO DOS RISCOS E BENEFÍCIOS

USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR IDOSOS: CONHECIMENTO DOS RISCOS E BENEFÍCIOS

MEDICAL PLANTS USE FOR ELDERLY : KNOWLEDGE OF RISKS AND BENEFITS

USO DE PLANTAS MEDICINALES POR ANCIANOS: CONOCIMIENTO DE RIESGOS Y BENEFICIOS

José de Ribamar Medeiros Lima Junior1, Fabiana da Ascenção Monteiro2, Marcos Ronad Mota Cavalcante3, Priscila da Silva Oliveira4, Joelmara Furtado dos Santos Pereira 5, Mayra Sharlene Moraes Araújo6, Thays Marinho Freitas 7, Tálison Taylon Diniz Ferreira 8

1 Doutorado em Ciências da Saúde – Universidade Federal do Maranhão

2 Graduação em Enfermagem – Universidade Federal do Maranhão

3 Doutorando em Saúde Coletiva – Universidade Federal do Maranhão 4 Mestre em Ciências da Saúde – Universidade Federal do Maranhão 5 Doutora em Saúde Coletiva - Universidade Federal do Maranhão

6 Doutoranda em Saúde Coletiva – Universidade Federal do Maranhão

7 Especialista em Uti neonatal– Universidade Federal do Maranhão

8 Mestre em Ciências da Saúde– Universidade Federal do Maranhão

Autor correspondente:  José de Ribamar Medeiros Lima Junior Universidade Federal do Maranhão

Avenida dos Portugueses, 1966. Prédio do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Campus do Bacanga CEP. 65080-805 São Luis, Maranhão, Brasil 

Email: jrml.junior@ufma.br

RESUMO

Objetivo: Avaliar a produção científica acerca da utilização de plantas medicinais por idosos e seus conhecimentos sobre riscos e benefícios. Método: estudo descritivo, exploratório com abordagem qualitativa do tipo revisão integrativa da literatura. Os dados foram coletados em julho de 2015, através das bases de dados eletrônicas Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Totalizando 36 artigos que após leitura exaustiva restaram apenas 8 para demonstrar o estudo. Resultados: As principais plantas citadas foram: Matricaria sp.,Lippia Alba, Cymbopogon citratus, Punica granatum, Pimpinella anisum, Menta sp., Plantago sp., Aroeira, Amburana Cearensis, Anacardium occidentale. Observou-se também que esse mesmo grupo vulnerável fez a suspensão do alopático pelo fitoterápico, com riscos de não sucesso terapêutico. Conclusão: é muito importante uma atenção especializada quanto o uso de plantas medicinais por idosos, tendo em vista sua grande vulnerabilidade e os possíveis riscosadvindos desta prática.

DESCRITORES: Idosos; Plantas medicinais; Risco à Saúde.

ABSTRACT

Objective:. To evaluate the scientific production about the use of medicinal plants by the elderly and their knowledge about risks and benefits. Method: descriptive, exploratory study with a qualitative approach of the integrative literature review type. Collected in July 2015 through the Scientific Electronic Library Online (SCIELO) and Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) electronic databases. Totaling 36 articles that after exhaustive reading, only 8 remained to demonstrate the study. Results: The main plants mentioned were: Matricaria sp., Lippia Alba, Cymbopogon citratus, Punica granatum, Pimpinella anisum, Menta sp., Plantago sp., Aroeira, Amburana Cearensis, Anacardium occidentale. It was also observed that this same vulnerable group discontinued allopathic treatment with herbal medicine, with risks of therapeutic failure. Conclusion: Specialized attention is very important regarding the use of medicinal plants by the elderly, in view of their great vulnerability and the possible risks arising from this practice.

KEYWORDS: Elderly; Medicinal plants; Health Risk.

RESUMEN

Objetivo: Evaluar la producción científica en la literatura sobre el uso de plantas medicinales por parte de los ancianos y su conocimiento sobre riesgos y beneficios. Método: estudio descriptivo, exploratorio con abordaje cualitativo del tipo revisión integrativa de la literatura. Los datos fueron recolectados en julio de 2015 a través de las bases de datos electrónicas Scientific Electronic Library Online (SCIELO) y Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS). Totalizando 36 artículos que luego de una lectura exhaustiva, solo quedaron 8 para demostrar el estudio. Resultados: Las principales plantas mencionadas fueron: Matricaria sp., Lippia Alba, Cymbopogon citratus, Punica granatum, Pimpinella anisum, Menta sp., Plantago sp., Aroeira, Amburana Cearensis, Anacardium occidentale. También se observó que este mismo grupo vulnerable suspendió el tratamiento alopático con fitoterapia, con riesgos de fracaso terapéutico. Conclusión: la atención especializada en cuanto al uso de plantas medicinales por parte de los ancianos es muy importante, dada su gran vulnerabilidad y los posibles riesgos derivados de esta práctica.

DESCRIPTORES: Anciano; Plantas medicinales; Riesgo a la Salud.

INTRODUÇÃO

O uso de plantas medicinais é um dos recursos mais conhecidos para a prevenção e tratamento de diversas patologias há muitos anos. Em diversas culturas, os antepassados percebiam o poder de cura das plantas e as cultivavam, ficando a cargo dos mais experientes propagar esses conhecimentos entre as gerações. Hoje em dia, vivenciamos um aumento considerável na utilização dessa terapia entre a população1.

Vivemos um processo de envelhecimento populacional, fato que tem ganhado grande destaque entre a comunidade científica, fortalecendo iniciativas de políticas públicas de saúde voltadas a esse grupo2. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, em 2025, existirão 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos no mundo3. No Brasil, estima-se que haverá cerca de 34 milhões de idosos em 2025, o que o levará à 6ª posição entre os países mais envelhecidos4.

Para5, o processo de envelhecimento está diretamente relacionado à perda gradual das funções fisiológicas, influenciada pelos fatores genéticos e ambientais. Os aspectos relacionados à saúde do idoso envolvem diversos fatores que evidenciam o envelhecer, como um processo fisiológico de diminuição da reserva funcional, que ocorre com o avançar da idade, a senescência. Paralelo a este processo, observamos uma condição de envelhecimento patológico, com problemas de saúde, a senilidade6.

Neste sentido, a população idosa é um grupo social que requer maior atenção, uma vez que, com a ocorrência das doenças crônico- degenerativas, há necessidade da utilização mais intensa e frequente de medicamentos7.

Por esta razão, os idosos são os principais consumidores e os maiores beneficiários da farmacoterapia moderna; mais de 80% deles consomem no mínimo um medicamento, diariamente, e este tem sido um poderoso processo de intervenção para melhorar o estado de saúde dessa população, podendo ser considerado o grupo mais medicalizado da população8.

Porém, sabemos que existem inúmeras dificuldades que impedem a utilização de medicamentos sintéticos industrializados pela população, dentre elas a falta de recursos financeiros para aquisição dos medicamentos prescritos advindo de uma distribuição de renda populacional inadequada e inúmeros problemas socioeconômicos, bem

como a escassez de informações sobre as alternativas existentes para a utilização destes serviços, e o difícil acesso ao profissional médico que tem habilitação para prescrever tais medicamentos9,10.

Neste contexto a fitoterapia se insere como alternativa de minimização das dificuldades de aquisição dos fármacos sintéticos, refletindo em uma nova abordagem terapêutica no tratamento de certas patologias. Essas plantas medicinais podem oferecer princípios ativos.

que agem de forma terapêutica sobre o organismo amenizando os efeitos das doenças11.

A escolha das espécies e o modo de preparo obedecem à cultura transferida de geração em geração, sendo que a fitoterapia funciona como um sistema paralelo de assistência à saúde, e os idosos desempenham um papel importante por serem os detentores desta cultura, além de usuários desta terapia12.

Nessa perspectiva, a utilização dos produtos fitoterápicos que tem ganhado cada vez mais usuários, ganha destaque com a população idosa, pois além das dificuldades citadas na aquisição dos medicamentos sintéticos impedindo sua utilização, a grande maioria deles acredita que a utilização dessa terapia, por ser de origem natural, não traz qualquer malefício como efeito adverso ou interação medicamentosa10,13.

Por esse motivo, a automedicação com plantas medicinais é uma das primeiras escolhas por essa faixa etária14.

É necessário informar a população sobre alguns pontos essenciais para o uso seguro, eficaz e qualificado de plantas medicinais tais como: manipulação, coleta e uso terapêutico; isso deverá ser feito com o propósito de correlacionar os saberes popular e científico para que o profissional de saúde indique a terapêutica a ser usada15.

Esclarecer a população dos perigos associados ao uso de fitoterápicos como: intoxicação, reações alérgicas, ineficácia no tratamento, pode minimizar os riscos relacionados ao uso inadequado dessas plantas. Essas problemáticas podem estar associadas ao erro na identificação das espécies consumidas ou também à forma como são cultivadas, colhidas, armazenadas, conservadas ou preparadas16.

No intuito de diminuir os riscos e perigos que o uso de fitoterápicos pode acarretar, a Farmacovigilância vem se destacando cada vez mais, através de ações, que visam buscar a detecção precoce, utilização adequada, prevenção na utilização de certas plantas e monitoramento dos eventos adversos15

Apoiando à farmacovigilância, o Governo Federal tem proposto iniciativas que assegurem a correta utilização dos fitoterápicos diminuindo os riscos e aumentando os benefícios com sua utilização, onde podemos destacar a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos17 e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos18.

A abordagem etnofarmacológica baseia-se em combinar informações obtidas junto a usuários da flora medicinal, com estudos químicos e farmacológicos. O método etnofarmacológico permite a formulação de hipóteses quanto à atividade farmacológica e à substância ativa responsáveis pelas ações terapêuticas relatadas19.

Levando em consideração o exposto, se faz necessário analisar como está sendo feita a utilização de plantas e fitoterápicos pelos idosos, bem como se existe o acompanhamento por algum profissional da saúde, além de intensificar estudos e pesquisas, a fim de fornecerem subsídios importantes que auxiliem a validação de espécies vegetais com aplicação medicinal.

Partindo dessa constatação, surgiu o interesse de pesquisar sobre o referido tema. Acredita-se que esta pesquisa poderá ter uma grande relevância acadêmica e social. Tendo como objetivo avaliar na literatura a produção científica acerca dos riscos e benefícios associados ao uso de plantas medicinais por idosos.

MÉTODO

Trata-se de uma revisão de literatura integrativa, de caráter descritivo, com abordagem qualitativa, sobre a utilização de plantas medicinais por idosos, no intuito de avaliar como estão sendo utilizados os saberes populares na utilização de plantas medicinais para fins terapêuticos, bem como os riscos de sua utilização.

A revisão integrativa é um método de pesquisa que, nos últimos anos, tem vindo a ser utilizado na área da saúde e tem permitido dar visibilidade à contribuição da Enfermagem para a melhoria da prestação de cuidados. É denominada integrativa porque fornece informações amplas sobre um assunto/problema, constituindo, assim, um abrangente corpo de conhecimento, de rigor metodológico.

A coleta dos dados foi realizada através de uma revisão da literatura com pesquisas em bases de dados na internet, na Biblioteca Virtual em Saúde BIREME, que compreende as seguintes bases de dados: LILACS, IBECS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane, SciELO.

Além disso, foi realizada uma pesquisa no google acadêmico e manuais do Ministério da Saúde, dando maior compreensão à temática. Os descritores utilizados compreendem: Idoso AND Plantas Medicinais AND Riscos. Estes descritores foram encontrados no site Ciências da Saúde (http://decs.bvs.br).

O período de realização das buscas nas bases de dados se deu de dezembro 2022 a fevereiro de 2023, o ano de publicação, Idioma, Sujeitos e Disponibilidade foram utilizados para refinar osresultados.

Quanto ao idioma, foram selecionados textos no idioma português, e que trouxessem a realidade brasileira como metodologia, visto que queríamos compreender a realidade da população do Brasil, quanto ao ano se filtrou o período de 2012 à 2022.

Foram encontrados 36 artigos que se enquadravam a temática, porém apenas 9 destes artigos, participaram dos nossos resultados, que retrataram o tema para melhor compreensãodo tema.

Foi delineada também a pergunta que direcionará este trabalho de acordo com a estratégia PICo – População, Interesse, Contexto, P- idosos, I- uso de plantas medicinais, Co- riscos e benefícios.

Os artigos foram filtrados por palavra-chave e organizados em quadros seguindo ordem do ano de publicação. O benefício deste estudo consiste no aprimoramento acerca da temática, contribuindo então com a literatura por ser um tema de relevância em saúde.

RESULTADOS

Foram encontrados inicialmente setenta e sete (77) artigos, após nova busca e acrescentando a palavra chave “toxicidade”, contabilizou-se quarenta e quatro (44) artigos, sendo sete deles de revisão. Os artigos selecionados foram apreciados entre os autores e destes vinte e três (23) artigos foram reprovados por apresentarem títulos incompatíveis com o tema proposto.

Dessa forma, nessa primeira seleção restaram vinte e um (21) artigos. Esses artigos foram lidos e a eles foram submetidos critérios de inclusão e não inclusão e daí então restaram nove artigos para realização desse estudo.

Fonte: adaptado pelos autores, 2022.

Os estudo incluídos nesta pesquisa foram organizados por título, revista/ ano, objetivos, autores, metodologia e resultados, com base no artigos encontrados após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão totalizaram 9 artigos que serão descritos a seguir.

Tabela 1- Estudos científicos quanto a Título, Revista/Ano, Objetivos, e Metodologia, 2022.

Fonte: dados dos autores, 2022.

Nos artigos estudados, foram citadas 32 plantas diferentes, usadas na maioria dos casos para o tratamento de distúrbios do trato respiratório, digestório, cardiovascular e gênito- urinário, com destaque especial para as dez mais citadas descritas na tabela a seguir:

Tabela 2- Relação das dez plantas mais referidas por idosos utilizadas para fins terapêuticos, bem como suas as indicações terapêuticas e formas de preparo de remédios caseiros com base na literatura, 2022.

DISCUSSÃO

A utilização de plantas medicinais para o tratamento de indisposições e doenças é uma prática frequente entre idosos. Fórmulas e chás são preparados nos cuidados da saúde dos indivíduos, de geração em geração, de forma deliberada e sem indicações médicas. No envelhecimento normalmente ocorrem alterações fisiológicas próprias do período, que podem eventualmente causar sintomas desagradáveis ao idoso, levando assim a utilização de medicamentos alternativos para amenizar o desconforto.

Essa necessidade, que muitos idosos têm de buscar alívio para os seus sintomas, gera grande preocupação quando produtos de escolha recaem sobre as plantas medicinais de uso corriqueiro pela população, tendo em vista que a maioria dos usuários desconhece os efeitos adversos oriundos dessa prática.

Os idosos afirmaram em algum momento ter feito uso de chás e medicamentos simultaneamente e muitos relataram ter substituído o medicamento (anti-hipertensivos e hipoglicemiantes, principalmente) por algum produto natural.

Szerwiesk e colaboradores20, ressalta que os idosos fazem uso de plantas medicinais principalmente por toda carga hisórica e cultural advindos dos seus antepassados. Essa percepção também é defendida por Pereira e autores21, que expões que existe uma resistência dessa população idosa aos tratamentos medicamentosos. A maioria desses indivíduos vive em regiões mais afastadas dos centros urbanos, alguns descendem de grupos tradicionais que utilizam da medicina natural milenarmente, apoiando esta como uma alternativa mais benéfica, defácil acesso e baixo custo.

Esse fator pode agravar ainda mais o quadro clínico desses usuários, uma vez que quando se utiliza o chá de uma planta com atividade antidiabética por exemplo em quantidade significativa (mais de trêz vezes ao dia) concomitantemente com o medicamento hipoglicemiante (em geral metformina ou glibenclamida), por exemplo, pode ocorrer uma queda brusca no nível de glicose no organismo, resultando em fraqueza, tontura ou até mesmo desmaio.

A substituição do medicamento pelo remédio caseiro também não é aconselhável, tendo em vista que o medicamento trata-se de uma ou mais substâncias isoladas que foram previamente testadas para validação de seu efeito, enquanto que as preparações de plantas contém um complexo de substâncias, dentre elas compostos potencialmente terapêuticos e outros que podem ser demasiadamente tóxicos, podendo ainda interagirem entre si, ocasionando efeitos adversos .

Um outro agravante é que grande parte dos idosos não costuma informar ao médico o uso de plantas medicinais durante as consultas e, além disso, esses usuários afirmam preparar chás em grande quantidade, armazenando esses produtos por três a cinco dias em geladeira ou armário, predominantemente.

Um estudo desenvolvido por Silva e colaboradores5 demonstrou que as condições e o período de acondicionamento de chás podem influenciar na eficiência de extração dos compostos bioativos, bem como na estabilidade da preparação, o que pode acarretar alterações no perfil de efeitos farmacológicos promovidos pela planta.

No intuito de desmestificar algumas informações classificadas como cientificamente não comprovadas (ou incorretas) após análise dos questionários, foram promovidas oficinas sobre plantas medicinais para as comunidades e Agentes Comunitários de Saúde dos bairros envolvidos nesse estudo.

Vieira (2017)22 aborda um fator importante relacionado aos riscos que os indivíduos se expõem quando do uso de plantas medicinais, uma vez que estas são as maiores fontes de xenobióticos. Plantas produzem substâncias tóxicas com diversas estruturas diferentes que se ligam, geralmente, à defesa imunológica.

O homem desenvolveu a capacidade de metabolizar algumas dessas substâncias. Contudo, boa parte dos agentes que formam estes recursos naturais podem ser prejudiciais ao organismo, lesionando tecidos e interrompendo eventos homeostáticos. Essas propriedades podem ser adicionadas ou ocasionadas pela interação com os fármacos diversos utilizados pelos indivíduos, como anti-hipertensivos e antidepressivos, ocasionando, por vezes, intoxicação22.

Além da interação medicamentosa20 pontua os riscos associados a utilização de plantas medicinais que são armazenadas de forma inadequada. Situações como a coleta e o armazenamento dos materiais vegetais devem ser analisados, pois podem influenciar no teor de princípio ativo. Durante o armazenamento do material vegetal, este pode estar sujeito ao crescimento de microrganismos indesejáveis, como fungos20.

Esses organismos, por meio da fermentação e decomposição, podem produzir metabólicos indesejáveis e muitas vezes tóxicos para o ser humano. Cita-se ainda que folhas contaminadas, que são usadas em infusões de chá, por exemplo, podem trazer riscos adicionais ao organismo18.

Como frisa Silva e demais autores, os profissionais da saúde devem estar preparados para implementar a educação em saúde sobre o uso racional de plantas medicinais entre a população. Enfermeiros, nutricionistas, médicos e demais profissionais da saúde devem estar preparados para ensinar aos usuários de plantas medicinais, assumindo um caráter educador, com o objetivo de promover e proporcionar o uso racional desses recursos.

Fatores relacionados à indicação, ao preparo, contraindicação e toxicidade devem ser de conhecimento dos profissionais de saúde, integrando o conhecimento popular ao científico e auxiliando a promoção da saúde23.

CONCLUSÃO

Percebeu-se que diante da literatura a utilização de plantas e derivados por idosos é bastante expressiva, necessitando de atenção e cuidado diante de sua utilização, pois o uso indiscriminado e sem as precauções necessárias podem gerar inúmeros riscos para as pessoas que fazem seu uso, em especial a população idosa que por questões imunológicas podem apresentar problemas graves diante de algum efeito indesejado pela utilização dessas preparações.

Inúmeros são riscos que podem ser gerados pelo uso inadequado de plantas e suas derivações, podendo ser citados as infecções e reações adversas no organismo, principalmente quando se tem um efeito colateral advindo da utilização de outros substâncias, comum na população idosa.

É de extrema importância que todos os profissionais de saúde inseridos na assistência aos pacientes idosos se responsabilizem por fornecer informações sobre a utilização correta, os possíveis efeitos de interações, e os cuidados que devem existir a partir do consumo destas plantas e suas partes pelos idosos, protegendo essa população de efeitos indesejados à sua saúde.

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