FATORES ASSOCIADOS À ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM IDOSOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

FATORES ASSOCIADOS À ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM IDOSOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

FACTORS ASSOCIATED WITH ANXIETY AND DEPRESSION IN THE ELDERLY: AN INTEGRATIVE REVIEW

FACTORES ASOCIADOS A LA ANSIEDAD Y LA DEPRESIÓN EN EL ANCIANO: UNA REVISIÓN INTEGRATIVA

José de Ribamar Medeiros Lima Junior1, Paula Fernanda Soares2, Anália Viviane Costa Del Castilo3, Leonel Lucas Smith de Mesquita4, Wildlene Leite Carvalho 5, Mayra Sharlenne Moraes Araújo6, 7, 8

1 Doutorado em Ciências da Saúde – Universidade Federal do Maranhão

2 Graduação em Enfermagem – Universidade Federal do Maranhão

3 Graduação em Enfermagem – Universidade Federal do Maranhão

4 Doutorado em Saúde Coletiva – Universidade Federal do Maranhão

5 Especialista em UTI – EBSERH/Universidade Federal do Maranhão

6 Doutoranda em Saúde Coletiva – Universidade Federal do Maranhão

7–  Universidade Federal do Maranhão

8 – Faculdade Santa Terezinha CEST

Autor correspondente: José de Ribamar Medeiros Lima Junior

Universidade Federal do Maranhão

Avenida dos Portugueses, 1966. Prédio do Centro de Ciências Biológicas e da

Saúde.

Campus do Bacanga,  CEP. 65080-805, São Luis, Maranhão, Brasil

Email: jrml.junior@ufma.br

RESUMO

Objetivo: Conhecer os fatores associados à ansiedade e depressão em pessoas idosas. Método: estudo descritivo, exploratório com abordagem qualitativa do tipo revisão integrativa. Tendo como bases de dados as plataformas Scientific Eletronic Library Online (SciElo), Google Acadêmico entre outros, incluindo artigos entre 2012 a 2022. Resultados: Foram selecionados para este estudo sete artigos que se adequavam a temática e posterior ao filtro dos critérios de inclusão, todos os artigos tinham uma abordagem quantitativa e a grande maioria era descritiva, os artigos citaram como fatores associados à depressão e ansiedade o sexo, a idade e estado civil. Conclusão: A literatura é vasta quando trata a respeito de depressão, porém ainda escassa quando se trata de ansiedade. Compreendeu-se, que os sentimentos e fatores relacionados à ansiedade e depressão, assim como a importância de uma equipe apta a lidar com as questões relacionadas à saúde mental de idosos é fundamental.

DESCRITORES: Idosos, Ansiedade, Depressão, Saúde mental, Enfermagem geriátrica.

ABSTRACT

Objective: To know the factors associated with anxiety and depression in the elderly. Method: descriptive, exploratory study with a qualitative approach of the integrative review type. Using the Scientific Electronic Library Online (SciElo) and Google Scholar platforms as databases, including articles from 2012 to 2022. Results: Seven articles were selected for this study that suited the theme and after the inclusion criteria filter, all articles had a quantitative approach and the vast majority were descriptive, the articles cited sex, age and marital status as factors associated with depression and anxiety. Conclusion: The literature is vast when it comes to depression, but still scarce when it comes to anxiety. It was understood that the feelings and factors related to anxiety and depression, as well as the importance of a team able to deal with issues related to the mental health of the elderly, is fundamental.

KEYWORDS: Elderly, Anxiety, Depression, Mental health, Geriatric nursing.

RESUMEN

Objetivo: Conocer los factores asociados a la ansiedad y depresión en el adulto mayor. Método: estudio descriptivo, exploratorio con abordaje cualitativo del tipo revisión integradora. Teniendo como bases de datos la Scientific Electronic Library Online (SciElo), Google Scholar, entre otras, incluyendo artículos entre 2012 y 2022. Resultados: Se seleccionaron para este estudio siete artículos que se adecuaban a la temática y después del filtro de los criterios de inclusión, todos los artículos tenían un enfoque cuantitativo y en su gran mayoría fueron descriptivos, los artículos citaron el sexo, la edad y el estado civil como factores asociados a la depresión y la ansiedad. Conclusión: La literatura es amplia cuando se trata de depresión, pero aún escasa cuando se trata de ansiedad. Se entendió que los sentimientos y factores relacionados con la ansiedad y la depresión, así como la importancia de un equipo capaz de tratar los problemas relacionados con la salud mental de los ancianos, es fundamental.

DESCRIPTORES: Anciano, Ansiedad, Depresión, Salud mental, Enfermería geriátrica.

 INTRODUÇÃO

De acordo com o IBGE (2017)1, a quantidade de idosos tem aumentado, ultrapassando os 30 milhões. Entre 2012 e 2017, a população idosa cresceu em todas as unidades de federação. O aumento da expectativa de vida é um fenômeno mundial.

Nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, esse processo tem ocorrido de forma ainda mais acelerada em decorrência do acesso aos serviços de saúde, dos avanços da ciência, e, consequentemente, do aumento da qualidade de vida2.

A fase do envelhecimento é considerada como um processo natural que vem ocorrendo desde o momento do nascimento e fica mais evidente com a chegada da terceira idade. Observa-se que a qualidade de vida que o sujeito foi submetida afeta e influencia diretamente a qualidade do envelhecimento3.

Existe a possibilidade do desenvolvimento de transtornos de humor conforme o adulto envelhece, assim como comprometimento cognitivo, advindo das limitações físicas, emocionais e sociais que estes enfrentam4. O idoso tem particularidades bem conhecidas, mais doenças crônicas e fragilidades, mais custos, menos recursos sociais e financeiros. Envelhecer, ainda que sem doenças crônicas, envolve alguma perda funcional. Com tantas situações adversas, o cuidado do idoso deve ser estruturado de forma diferente da que é realizada para o adulto mais jovem5.

Levando em consideração a individualidade dos seres humanos, entendemos que a forma de enfrentamento dessa fase é diferente para cada um, os sentimentos despertados por alguns pode ser de preocupação, e na ausência de cuidados, especialmente daqueles que estão ao seu entorno, alterações biológicas e psicológicas, como depressão, sensação do ninho vazio, a menopausa nas mulheres, ou até mesmo fatores externos como aposentadoria podem ser desencadeadas2.

É de extrema importância enfatizar que para muitos idosos a velhice é enfrentada com tranquilidade, uma vez que estes buscam o envelhecer saudável ao implementarem em suas vidas a prática de exercícios físicos, um maior contato com suas famílias, grupos sociais, melhor alimentação, promovendo assim um bem-estar e melhor qualidade de vida. Sabe-se que mudanças irão ocorrer e depende de cada um a forma de enfrentamento desta fase6.

Compreendemos, porém, que a maioria dos idosos não se encontram em um cenário adequado para tantas demandas, uma vez que estes sobrevivem mensalmente com um salário-mínimo, residem em uma casa com muitos moradores, fazem uso contínuo de medicamentos, e precisam manter um padrão de alimentação saudável4. Logo, o valor monetário destinado aos idosos mensalmente, se torna insuficiente para uma vida minimamente confortável2.

Ao observar a realidade, foi possível perceber que a maioria dos idosos presentes no ambiente de convivência pessoal apresentavam alguns sentimentos negativos. A preocupação com essas pessoas decorre das múltiplas alterações físicas, emocionais e sociais que as tornam mais suscetíveis à presença de diversas doenças e alterações no estado de saúde que se caracterizam por sua cronicidade e complexidade, o que interfere na qualidade de vida, portanto requerendo atenção7.

O processo do envelhecimento implica em necessidades específicas de saúde devido ao aumento da frequência e gravidade de problemas, sobretudo os crônicos, que perduram por toda a vida do indivíduo. Ademais, é uma população que tende a perder a autonomia de seu cuidado. Assim, o aumento da proporção de idosos em todo o mundo gera diversos desafios para a sociedade em geral e o sistema de saúde em particular8,9.

Partindo dessa constatação, surgiu o interesse de pesquisar sobre o referido tema. Acredita-se que esta pesquisa poderá ter uma grande relevância acadêmica e social. Tendo como objetivo principal: que consiste em conhecer os fatores que estão associados à ansiedade e depressão em pessoas idosas, e como objetivos secundários temos, identificar os sentimentos presentes em pessoas idosas relacionado a ansiedade e depressão, descrever as condições favoráveis para o desenvolvimento de distúrbios mentais em pessoas idosas. E categorizar os principais fatores quanto ao desfecho para ansiedade e depressão.

METODOLOGIA

Este estudo caracteriza-se como sendo descritivo exploratório com abordagem qualitativa do tipo revisão integrativa da literatura, por permitir uma análise de pesquisas feitas anteriormente, buscando uma melhor compreensão acerca da temática escolhida, assim como recebendo enriquecimento através de estudos realizados.

A revisão integrativa é um método de pesquisa que, nos últimos anos, tem vindo a ser utilizado na área da saúde e tem permitido dar visibilidade à contribuição da Enfermagem para a melhoria da prestação de cuidados. É denominada integrativa porque fornece informações amplas sobre um assunto/problema, constituindo, assim, um abrangente corpo de conhecimento, de rigor metodológico.

A síntese dos resultados de estudos de investigação relevantes e reconhecidos mundialmente facilita a incorporação de evidências, isto é, permite agilizar a transferência de novo conhecimento para a prática clínica10

Passos importantes precisam ser seguidos para a construção de uma revisão integrativa, sendo: 1) elaboração da pergunta norteadora, 2) busca ou amostragem na literatura, 3) coleta de dados, 4) análise crítica dos estudos incluídos, 5) discussão dos resultados, 6) apresentação da revisão integrativa7.

Foi delineada a pergunta que direcionará este trabalho de acordo com a estratégia PICo – População, Interesse, Contexto, P- idosos, I- captação dos fatores de risco, Co- depressão e ansiedade. O estudo será desenvolvido a partir da busca de dados indexados nas bases Scientific Eletronic Library Online (SciElo), Google Acadêmico e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).

Os critérios para a inclusão dos artigos selecionados são: artigos em língua portuguesa publicados nos anos de 2012 a 2022 com textos e resumos completos disponíveis em revistas de enfermagem, e artigos cujos descritores forem: Saúde mental; Idosos; Enfermagem geriátrica; Depressão; Ansiedade.

Os critérios para a exclusão dos artigos serão artigos publicados anteriormente ao ano de 2012, ou que não tenham relevância para o trabalho, por serem de temas distintos. Os artigos serão filtrados por palavra-chave e organizados em quadros seguindo ordem do ano de publicação. O benefício deste estudo consiste no aprimoramento acerca da temática, contribuindo então com a literatura por ser um tema de relevância.

Figura 1. Fluxograma de seleção dos artigos nas bases de dados Google acadêmico, SciElo, Lilacs através da revisão de literatura, 2022.

Fonte: Próprio autor, 2022.

 RESULTADOS

Os estudo incluídos nesta pesquisa foram organizados por título, revista/ ano, objetivos, autores, metodologia e resultados.

Tabela1- Estudos científicos quanto a Título, Revista/Ano, Objetivos, Metodologia e Resultados, 2022.

Diante da análise de estudos realizados, fez-se conhecido os principais sentimentos que foram elencados pelos autores em relação à temática de depressão e ansiedade em idosos, bem como as condições favoráveis para o desenvolvimento de distúrbios mentais pelos autores, conforme tabela abaixo.

Tabela 2- Sentimentos e Condições favoráveis para ansiedade e depressão em idosos, 2022.

A seguir temos os principais fatores quanto ao desfecho para ansiedade e depressão encontrados pelos autores, subdivididos em três tipos de fatores: os fatores de risco, os fatores epidemiológicos e os fatores clínicos conforme tabela a seguir:

Tabela 3- Fatores associados para surgimento de ansiedade e depressão em idosos, 2022.

DISCUSSÃO

 Em síntese, a literatura mostra a alta prevalência de idosos com depressão, especialmente idosos institucionalizados. Os estudos analisados evidenciam, ainda, a relação entre a depressão e vários fatores sociodemográficos e aspectos emocionais11.

Com as alterações no processo biopsicossocial durante o envelhecimento, são notórias as influências na saúde mental, somado ao sentimento de perda da autonomia sobre si e sobre o ambiente, tornando-se correlacionadas aos fatores tidos como estressantes12.

As contribuições desta revisão relacionam-se à apresentação acerca da relação entre solidão e sintomas depressivos, fenômenos comuns na realidade existencial da pessoa idosa, colaborando para a compreensão desse contexto e podendo servir de diretrizes para o planejamento e implementação de ações de promoção à saúde mental e prevenção de agravos à saúde geral dessa clientela a partir das premissas elencadas12.

Ainda de acordo com o autor acima, as evidências científicas demonstraram que idosos solitários apresentam mais sintomas depressivos, e que a solidão está associada ao sentimento de vazio e a emoções negativas. Assim, a relação entre essas variáveis demonstra que a solidão é considerada um fator de alto risco para o sintoma depressivo, e, portanto, para a depressão. Além de salientar que as mulheres e idosos mais velhos são mais susceptíveis ao sentimento de solidão e aos sintomas depressivos.

Foi observado que ansiedade e depressão se correlacionam positivamente entre si e negativamente com a qualidade de vida. O reconhecimento da depressão em idosos deve contribuir para a elaboração de estratégias, favorecendo a efetividade do tratamento e, consequentemente, a melhoria na Qualidade de Vida dos Idosos11.

Sass; et al 201213 evidenciou que os principais sentimentos presentes em pessoas idosas são solidão, preocupação, irritação, tristeza, vontade de chorar e arrependimentos.

Finalmente, comparamos a intensidade da relação entre a evolução da depressão e a evolução dos sentimentos de solidão, dos sintomas de ansiedade e dos afetos, e verificamos que os idosos que mantiveram depressão foram os que mais pioraram na solidão, nos sintomas ansiosos e nos afetos negativos14.

Finalmente, em relação aos fatores que se relacionam com a evolução da depressão, verificamos que houve associação entre a evolução de todos os aspectos emocionais (exceto afetos positivos) e a evolução de depressão. Mais especificamente, constatamos que os idosos que mantiveram depressão foram os que mais agravaram nos sentimentos de solidão, nos sintomas ansiosos e no afeto negativo e positivo15.

Por outro lado, a presença de um estilo de vinculação ansioso pode contribuir para uma dificuldade de regulação das emoções e relação com os outros e, consequentemente, a solidão. Este resultado corrobora a literatura sobre a vinculação na medida em que evidencia que um estilo de vinculação não seguro ou com níveis de ansiedade tem um impacto nos sentimentos de solidão e estado psicológico. Desta forma, salienta-se o papel importante da vinculação como fator protetor da solidão16.

A análise dos resultados sobre as evidências científicas sobre a relação entre a solidão e os sintomas depressivos em idosos mostra uma relação positiva entre os dois fenômenos, ou seja, quanto mais evidente o sentimento de solidão e menor interação social, maior o relato de sintomas depressivos, bem como maiores níveis de sofrimento psíquico. Além disso, as mulheres e os idosos mais velhos foram considerados mais susceptíveis ao sentimento de solidão e aos sintomas depressivos17.

Pfutzenreutere colaboradores em 202118 evidenciaram que os principais sentimentos atrelados à vivência da depressão foram de irritabilidade e desânimo, os quais costumam envolver conflitos interpessoais e isolamento social. A irritabilidade foi referida pelos participantes como um sentimento incontrolável e sem uma causa específica, mas envolvem preocupações e pensamentos incessantes.

Mais do que triste, a solidão é perigosa para a saúde dos idosos, é tão prejudicial ao corpo quanto à obesidade na terceira idade. Pode existir uma maior sensibilidade à dor, predisposição à infecção e maior descontentamento porque a solidão é um exacerbador dessas condições, tornando-as mais evidentes19. No que tange à percepção dos autores mencionados, destacam-se os sentimentos de solidão e tristeza, relacionados à depressão.

Entre os idosos que se mantiveram com depressão houve significativamente mais sentimentos de solidão do que nos que melhoraram, mas menos do que nos que desenvolveram depressão. Verificamos, ainda, que nos idosos que se mantiveram com depressão houve mais afeto negativo e menos afeto positivo do que os que se mantiveram sem depressão. Quem desenvolveu depressão teve significativamente mais sintomas de ansiedade e menos afeto positivo do que quem se manteve sem depressão20.

Ferreira15, destaca ainda que incapacidades funcionais para o desempenho de atividades do cotidiano são favoráveis ao desenvolvimento de transtornos em idosos, uma vez que o idoso se enxerga como incapaz. Ainda que o idoso apresente limitações funcionais, precisa ser estimulado a desenvolver as suas atividades cotidianas, de forma a melhorar a autoconfiança, auxiliando a reabilitação ou contribuindo para potencializar o desempenho das AIVD21.

Contudo, é fundamental que o tratamento da depressão ocorra em concomitância com o processo de reabilitação da capacidade funcional. Salienta-se ainda que o processo de reabilitação do idoso, que apresenta incapacidade funcional e depressão, requer apoio do familiar e da equipe de saúde, por se tratar de um processo gradual. Desse modo, cada conquista do idoso deve ser reconhecida, de maneira a fazer com que se sinta valorizado17,21.

Lopes e colaboradores21 sugerem que a interação social reduz o isolamento e oferece ao idoso a estimulação do desempenho cognitivo, aumentando sua satisfação e melhorando a qualidade de vida.

O sexo mais acometido por este tipo de transtorno é o feminino, em virtudes de fatores biológicos, genéticos e hormonais como também, as situações de conflitos pessoais de maior predominância neste gênero22.

Nesta perspectiva, o enfermeiro, especialmente na atenção primária, deve estar atento para as queixas relatadas pelas mulheres. A consulta de enfermagem pode favorecer a identificação de sintomas depressivos, dos fatores causais e de agravos à saúde relacionados a esta morbidade23.

Verificou-se que as representações  das  idosas  se  relacionam  com a forma como elas vivem, com seu estado civil, com  as  informações vivenciais  ou  não  que  já tiveram sobre a depressão, tendo em vista que algumas relataram já ter tido depressão em algum momento da vida e/ou conviver com outras pessoas que tiveram a doença22.

Com esses resultados, vê-se a necessidade da detecção precoce dos sintomas depressivos, contribuindo para prevenir seus efeitos negativos na  saúde  e  qualidade de vida dessas idosas23.

O nível socioeconômico é um possível influenciador na qualidade de vida, visto que, como mostram os resultados, a caracterização socioeconômica dos sujeitos identificou que suas rendas não possibilitam condições de suprir as necessidades básicas de sobrevivência desses indivíduos23,24.

Observamos que não houve associação significativa entre nenhuma variável sociodemográfica e a evolução da depressão. Ainda assim, o grupo que desenvolveu depressão tinha idade um pouco mais avançada. sendo maior a proporção dos idosos que não tinham escolaridade14.

Além disso, observou-se que o estado civil tem influência na forma de representar a depressão, sendo a capacidade de lidar com a doença vista de forma mais negativa e ligada à solidão pelas mulheres com  estado  civil  viúva  ou  separadas  que por sua vez vivem sozinhas10.

No Brasil e em outros países do mundo, esse panorama se repete, sendo que os baixos níveis de escolaridade estabelecem uma forte associação com a maior  incidência  de  doenças  mentais  em  idosos. Entretanto, quando esse fator está associado a outras comorbidades ou limitações físicas, o risco é ainda maior16.

Destaca-se, no geral, a influência do nível de escolaridade e que suas implicações não estão apenas voltadas a transtornos psiquiátricos ou psicopatológicos; ela tem também como possível consequência a diminuição de qualidade de vida, a dificuldade ao acesso à saúde, dificuldade na manipulação de medicamentos e outros. Pondera-se também que isto possa se configurar como outro fator que gera Ansiedade e Depressão nessa comunidade14.

A falta de capacidade de leitura e interpretação de textos, aliada ao baixo acesso à informação, pode impossibilitar muitos desses idosos de obterem o mínimo de conhecimento para que exijam o cumprimento dos direitos básicos que lhe são assegurados pelo Estatuto do Idoso, as políticas públicas de saúde direcionadas para sua faixa etária e até mesmo as demais políticas criadas para lhe assegurar uma boa QV18.

O enfermeiro deve avaliar a presença de sintomas depressivos entre as mulheres idosas por meio de suas queixas, identificando os fatores causais que podem estar relacionados ao desencadeamento da doença. Assim, propor a intervenção nesses fatores, favorecendo o tratamento precoce20.   

Logo, torna-se compreensível a intrínseca relação entre os transtornos psicológicos e seus efeitos na saúde do idoso de forma integral, uma vez que este começa a buscar mais os serviços de saúde. O diagnóstico e tratamento adequados da depressão e ansiedade podem melhorar a qualidade de vida dos idosos11

Torna-se necessário que haja intervenções para mudança do estado nutricional dessa população, visando, assim, à prevenção da depressão decorrente de distúrbio nutricional13.

A quantidade e a qualidade da rede de apoio psicossocial que o idoso recebe são essenciais para a diminuição dos fatores de risco para os transtornos mentais, como a presença de doenças crônicas e a baixa escolaridade.  Ressalta-se,  portanto,  a  relevância da articulação de serviços na área de saúde do idoso e da saúde mental, para que atuem tanto na  prevenção  quanto  no  acompanhamento  de pessoas  idosas  que  apresentam  história  de tratamentos psiquiátricos24.

 CONCLUSÃO

Diante do exposto, as evidências científicas produzidas podem contribuir no aprimoramento de atividades implementadas aos idosos no que diz respeito à detecção precoce de possíveis achados que podem determinar o surgimento de problemas como ansiedade e depressão nos mesmos.

Para que o idoso mantenha sua saúde mental é necessário encarar o futuro com esperança, mantendo uma atitude positiva para com a vida, vivendo um dia de cada vez sem preocupar-se exageradamente com o futuro, ter bom relacionamento com a família e grupos sociais e manter atividades que proporcionem estímulo psicológico fazendo com que tenha uma vida mais saudável na terceira idade.

Logo, é de suma importância que a prática dos profissionais da saúde em especial a enfermagem, sejam permeadas de estratégias que facilitem o acesso aos sentimentos vivenciados pelos idosos, bem como avaliar todo o contexto atrelado à sua vida, facilitando a implementação do cuidado a eles.

Como limitações do estudo evidenciou-se que o tema ansiedade em pessoas idosas ainda é pouco explorada e discutida, havendo então a necessidade de que mais pesquisas sejam realizadas acerca do tema, enquanto que em se tratando de depressão, a literatura entrega um amplo conteúdo.

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